Xingu

De WikiDout
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Xingu significa "água boa, água limpa" na língua Kamayurá.[1]

O brado XINGU na Arma de Engenharia é, e foi, bastante usado nas Escolas Militares: AMAN, ESA, CPOR E NPOR. Na tropa por existir outros brados, até regionais, o brado não é tão intensamente usado.

Como disse o então Cadete Albérico Conceição Andrade, outro consultado: “No início da década de 70 estava no auge a construção de rodovias na Amazônia nessa ocasião os batalhões de engenharia estavam engajados nesse movimento rodoviário.

A ambição mundial sobre a Amazônia sempre foi patente. O primeiro passo foi estabelecer onde começava a área. Para isso, foi estabelecida a Amazônia Legal pela Lei nº 5.173, de 27 de outubro de 1966.

Era lema do governo: Integrar para não Entregar. Para isso, havia necessidade de infraestrutura. E, como sempre, na história de qualquer nação, o Exército foi convocado, para fazê-la. A primeira das infraestrutura teria que ser a rodovia. Os rios são sempre dispersantes em suas direções. Então o 5º BEC foi instalado, em 1966, em Porto Velho sendo o Pioneiro. Posteriormente, ao longo de 1970, foram instalados o 6º em Boa Vista, Roraima, o 7º em Cruzeiro do Sul, Acre, o 8º em Santarém, Pará, e o 9º em Cuiabá, Mato Grosso. A Arma de Engenharia de Engenharia, na AMAN, desafiava a nova geração de oficiais de engenharia para, no contexto da desconhecida Amazônia, participar da aventura de abrir estradas pioneiras.

Iniciativa também do governo, da época, foi criado o Projeto Rondon com a finalidade de mostrar, aos estudantes universitários brasileiros, um outro Brasil que precisaria deles após formados.

Num desses projetos, o PR5, participaram dois futuros oficiais de engenharia, ainda no Segundo Ano da AMAN.

- “De 1969 para 70 nas férias um grupo de Cadetes participou do projeto Rondon. Porto Velho era um polo de distribuição das equipes principalmente para o Acre e para o Amazonas. Os participantes do Projeto Rondon ficaram alojados na Estrada de Ferro Madeira-Mamoré e faziam as refeições no 50 BEC enquanto ficavam aguardando o transporte para as diversas cidades do interior. O pessoal do projeto assistia pela manhã a empolgante formatura do Quinto e alguns Cadetes da Turma de Engenharia, aspirante em1970. Comigo, estava o Cadete Pamplano. No início do ano de 1970, quando retornamos para AMAN, e escolhemos a Arma de Engenharia, nós resolvemos divulgar a canção do Quinto BEC e me parece que aí foi que surgiu o brado de Xingu em vez de Urra. Homenageando desta forma o trabalho da engenharia de construção na Amazônia. O Exército, na época, tinha seu lema: O EXÉRCITO CONSTRÓI”. - Cadete Alberico[2]

Contribuindo com o então Cadete Albérico, reforçada pela consulta feita ao então Cadete Pamplano, realmente, no nosso Terceiro ano de AMAN, recém optantes pela Arma de Engenharia, o Cadete Pamplano trouxe um gravador de fita, com fita de rolo, comprado na Zona Franca de Manaus, e, nos intervalos do almoço no Cassino do Curso, colocava a rodar a Canção do 5º BEC, canção vibrante dos Panzerlied e letra do então Capitão Pastor. Distribuiu-se a letra e todos aprendemos, a Canção do 5º BEC. Passamos a cantá-la nos deslocamentos em forma para o Parque de Engenharia onde tínhamos as instruções especificas. O final de canção terminava em HURRA!!! O hurra foi substituído pelo XINGU!!!

Mas de quem foi a ideia do uso do brado e de onde apareceu o XINGU? O uso foi espontâneo. Alguém começou e outros acompanharam. A palavra XINGU veio de brincadeira dos cadetes de outras armas. Os Batalhões de Construção eram uma incógnita. A Amazônia, um mistério. Da Amazônia, o que aparecia, algumas vezes, era o trabalho dos irmãos Vilas Boas e eles divulgaram as tribos do alto Rio Xingu, em particular os Xavantes. Então os cadetes das outras Armas, na brincadeira diziam:

- “o pessoal da engenharia vai tudo para o Xingu...” “olha o pessoal do Xingu...” “Xingu neles” ... Essas brincadeiras foram confirmadas pelo então Cadete Ávila: - “já no quarto ano, estava eu e o cadete Barreto na piscina, desafiamos os de artilharia a saltar do trampolim de dez metros de altura. Não foram e disseram que era coisa pra Xingu. Eu e o Barreto saltamos dando o brado XINGU ao sair da plataforma”.

E usando a palavra da moda, “ressignificamos” o que seria o medo da floresta, da mata, da selva para uma palavra forte, um brado, um grito de guerra.

- O Brado XINGU nasceu da adaptação do final da Canção do 5º BEC, feita pela turma de engenharia, aspirantes de 1971, cantada em 1970 e 1971, cuja canção foi levada à AMAN, pelo então Cadete Pamplano, por ocasião de participação de cadetes no Projeto Rondon, em que a palavra XINGU viera de brincadeiras dos cadetes de outras armas, pois, diziam que os oficiais de engenharia iriam todos para o Xingu, trabalhar em rodovias.

Autor

Higino - Cel R1 Eng AMAN 1971

Créditos

Cadete Gilberto Machado da Rosa – Cel Eng Gilberto

Cadete Alberico Conceição de Andrade – Cel R1 Eng Albérico

Cadete José Alencar de Ávila – Cel QEM/FC Ávila

Cadete Antônio Fernando de Sá Muniz BARRETTO - in memoriam

Cadete Orlando Gonçalves PAMPLANO – Gen Bda Pamplano.

Sargento Diego Eduardo Ferreira BIAVATI – Sgt Biavati Sgte CEng/ESA

Referências

  1. https://www.dicionarioinformal.com.br/significado/xingu/754/
  2. Cadete Alberico Conceição de Andrade – Cel R1 Eng Albérico